Por CBTM
Antes do sepultamento de Zilda Arns, na tarde de sábado (16), no Cemitério da Água Verde, em Curitiba, filhos e netos da coordenadora internacional da Pastoral da Criança revelaram como era o convívio familiar com ela. Quatro dos cincos filhos dela --- um é falecido --- estiveram no Palácio das Araucárias com os dez netos de Zilda.
"Ela deve estar sorrindo lá no céu para todos nós", disse Alessandra Neumann, neta mais velha, de 18 anos.
Histórias de família
"Minha avó sempre foi muito presente, dava conselhos, dizia para comermos frutas, para cuidarmos de nossa alimentação. Ela foi duas vezes campeã de vôlei e também praticava tênis de mesa. No ano passado, ela comprou uma mesa para a família. A gente jogava com ela, mas ela era muito melhor do que os netos", disse Eduard, 14 anos.
"Tudo nela era muito especial. Para a gente, ela está viajando como sempre fez e um dia ainda vai voltar", disse a neta Caroline, 14 anos. "Ela gostava muito de música e sempre fez a família cantar. No natal em família era sempre muito especial. Se minha mãe estivesse aqui ela iria pedir para cada um ajudar as pessoas mais necessitadas. Toda conversa que ela participava termina com o assunto Pastoral da Criança."
A neta Alessandra lembra que a avó chegou a dizer que não queria viajar ao Haiti. "Ela disse que preferiria ficar com os netos dela. Como ela nunca faltou a um compromisso, ela foi."
Missa na internet
No portal da Pastoral da Criança será disponibilizado um link para a transmissão da missa de corpo presente pela Internet. A cerimônia será exibida em telões espalhados pela Praça Nossa Senhora de Sallete, nas proximidades do Palácio das Araucárias, para que o povo possa acompanhar o evento, que será fechado para a família.
Em seguida, o corpo será colocado em um carro do Corpo de Bombeiros e levado, em cortejo, até o cemitério da Água Verde. Zilda Arns será sepultada, segundo o senador Flávio Arns (PSDB-PR) ao lado do marido dela.
Presidente Lula
Na noite de sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, segundo a Pastoral da Criança, que vai pedir o prêmio Nobel da Paz 'pós-mortem' para a Zilda Arns. Ele anunciou também que vai criar um prêmio nacional com o nome dela para premiar pessoas envolvidas com ações de segurança alimentar no país.
O presidente esteve reunido com a família de Zilda por cerca de 45 minutos, quando prestou condolências. Depois, conversou reservadamente com o governador do Paraná Roberto Requião. Ele esteve acompanhado pelos ministros Dilma Roussef e Alexandre Padilha, além dos senadores Suplicy e Ideli Salvatti.
"Eu disse à família que todos vão chorar pelo que aconteceu, mas o que a Zilda pregou durante a vida dela, eu espero que tenha ficado gravado na mente das pessoas. E que todos nós sejamos mais solidários", afirmou o presidente.
Para Lula, a médica brasileira transformou sua vida em uma luta constante pela qualidade de vida de idosos, crianças e pessoas carentes. "Se fechássemos os olhos e imaginássemos uma pessoa, a Zilda seria um exemplo muito grande para o mundo e para o Brasil. Ela morreu no momento mais sagrado da vida dela, que era a visita aos pobres pelo mundo", afirmou o presidente.
