Por CBTM
O programa Segundo Tempo em Americana virou caso de polícia. E da Polícia Federal. O pedido para investigação do convênio entre o Ministério dos Esportes e a Federação Paulista de Xadrez deve ser oficializado até o fim da semana pela procuradora federal Heloísa Maria Fontes Barreto.
O objetivo do inquérito, ao que tudo indica, será investigar supostas irregularidades no emprego de uma volumosa verba pública. Para quem não sabe, foram R$ 4,7 milhões repassados pelo Ministério dos Esportes em 2009 para o desenvolvimento do programa em Americana. Desse total, a Prefeitura deu como contrapartida R$ 856 mil.
Caberá à Polícia Federal apurar a verdade dos fatos. A FPX, em relatório feito a pedido da Câmara de Vereadores em 2008, pinta um cenário irreal para o programa em Americana.
No documento, a intermediária entre Prefeitura e governo federal afirma que o reforço alimentar "é composto de um kit constituído de um pão de leite com margarina injetada, uma fruta, uma barra de cereal ou um doce, um achocolatado ou suco de 200 mililitros".
A FPX descreve ainda uma série de modalidades sendo desenvolvidas pelas crianças e adolescentes americanenses.
Contudo, o árduo trabalho de campo elaborado pela reportagem do LIBERAL durante quatro meses de 2010 (entre abril e agosto) mostrou uma realidade muito diferente.
Com registros fotográficos que atestam a veracidade das informações, os jornalistas encontraram pão seco, suco em pó e paçoquinha no lugar do prometido kit de rico valor nutricional. Frutas, então, raríssimas vezes. E, ainda assim, sem condições ideais de consumo.
Sobre as atividades, mais uma vez a reportagem se deparou com uma realidade também bem menos glamourosa do que a anunciada.
O mais perto que se chegou do desenvolvimento das prometidas atividades esportivas foi um futebol disputado em meio ao matagal, um basquete jogado com uma bola oval e um tênis de mesa praticado numa mesa improvisada.
O projeto foi suspenso em Americana, por decisão da própria FPX, em 29 de outubro de 2010. Logo depois de o jornal revelar os problemas e as falhas existentes no programa.
Na época, uma pequena mobilização - aparentemente orquestrada - quis colocar na conta do trabalho jornalístico o encerramento dos trabalhos. O passar do tempo, contudo, têm revelado que uma medida mais drástica era necessária. A comprovação disso vem justamente com a investigação da Polícia Federal.
Apuração que deve explicar porque uma federação, com sede em São Paulo, fechou convênio com o Ministério do Esporte para atividades em Americana. Afinal, a municipalidade já havia firmado três convênios anteriores ao Segundo Tempo. Todos, de forma direta.