Por CBTM
No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrancou gargalhadas do público em seu discurso de meia hora no Prêmio Brasil Olímpico. Na ocasião, Lula relembrou os bastidores da votação que deu ao Rio o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Desta vez, a competição que acontecerá no Brasil daqui a seis anos voltou a ser o tema central do discurso. A diferença foi o tempo. Lula fez poucas brincadeiras e saiu em menos de dez minutos do palco da casa de espetáculos no MAM.
Perto de se despedir da presidência para dar lugar a Dilma Rouseff, Lula disse que pretende continuar participando do processo até 2016. Em uma das raras fugas de protocolo, brincou que pode até se candidatar a atleta.
--- Podem contar comigo. Não sei se vai ter modalidade de terceira idade. Se tiver, estou com 65, mas com esforço físico de um jovem de 30.
Lula só conseguiu chegar ao local às 20h, atrasando a cerimônia. Mas a demora passou longe de significar um incômodo aos organizadores. A festa começou justamente com discurso de Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, agradecendo a Lula como o “presidente que mais fez pelo esporte brasileiro”. Suado com a correria, Lula enxugava as gotas do rosto e parecia emocionado.
O presidente discursou depois do prefeito Eduardo Paes, do ministro Orlando Silva e do governador Sérgio Cabral, todos homenageados pelo COB. Logo em seguida veio o vídeo sobre a importância de Lula para o esporte brasileiro. Ao final da homenagem, todos os políticos receberam no palco uma placa com a logomarca da candidatura Rio 2016. Era a despedida oficial do símbolo que será substituído pela marca oficial dos Jogos no próximo dia 31, no Reveillon na Praia de Copacabana.
--- Estamos comemorando a vitória do profissionalismo. Jogamos fora o complexo de vira-lata que Nelson Rodrigues tanto dizia que nós tínhamos. Resolvemos ser cidadãos e cidadãs com o direito de fazer a Olimpíada no Brasil - disse Lula, defendendo a tese de que a palavra gasto não pode ser usada na gestão pública do esporte.
- Não queremos fazer favor a ninguém. Queremos transformar o esporte em instrumento de desenvolvimento desse país. Não podemos ficar falando "gastamos nisso, vamos gastar naquilo. Não é gasto, é investimento para que o Brasil se transforme em uma verdadeira potência olímpica. A gente não pode viver do esforço individual de alguns atletas que se sobressaem. Temos que ter uma política de estado para que todos, independentemente se nasceu no Complexo do Alemão ou na Tijuca, tenham o direito de disputar em igualdade de condições uma medalha de ouro.
Lula falou sério quase o tempo todo. Além da brincadeira sobre ser atleta em 2016, só fez piada ao cumprimentar o público, logo na abertura do discurso. Apontou João Havelange e Éder Jofre como dois símbolos do esporte no Brasil e brincou com o ex-pugilista.
--- Éder Jofre tem sorte de ser meia dúzia de anos mais velhos do que eu, porque se não ia convidá-lo aqui para um embate. Ele ia ver o que um peso mosca faz com um peso galo.