Por CBTM
Uma nova geração do Tênis de Mesa começa a despontar com o objetivo de ganhar medalha nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. São adolescentes entre 13 e 16 anos que já viajam ao exterior para clínicas com atletas europeus e asiáticos e para competir com os melhores do mundo. Algo novo para a modalidade.
Desde janeiro, esta turma já fez mais de 20 viagens e o calendário de 2010 ainda não terminou.
--- Disputei meu primeiro torneio internacional com 17 anos, uma prova aberta na Europa --- lembra Hugo Hoyama, de 41, o principal mesatenista do Brasil.
Hoyama, recordista de medalhas de ouro em Jogos PanAmericanos (nove), diz que a nova geração está “rodando” mais cedo.
--- É importantíssimo para a modalidade. Tanto o intercâmbio quanto experiência no exterior --- diz Hoyama.
O veterano jogou dois anos na Suécia (1988 e 1996) e dois anos na Bélgica (1992 e 1993).
Ele sente que, pela primeira vez em três décadas, a modalidade está se preparando para os próximos ciclos olímpicos.
Hoyama tem substituto e com nome igual ao seu: é Hugo Calderano, de 13 anos. Começou jogando ping pong com o pai. E aos 3 anos! --- Ele ficava sentadinho do outro lado da mesa e batia na bolinha direitinho --- conta o pai, Marcos, professor de Educação Física e ex-velocista e meio fundista.
Campeão latino-americano Foi ele quem o levou ao Fluminense para ver se o garoto levava jeito no Tênis de Mesa.
Aos 9 anos, Hugo também era bom no vôlei e no atletismo (salto em distância). Foi o Tênis de Mesa que lhe proporcionou, desde cedo, intercâmbio com atletas de outros países.
Hugo não pestanejou. Foi o melhor das Olimpíadas Escolares2009, para atletas de 12 a 14 anos, graças às quatro medalhas de ouro e à liderança no ranking mirim. O título é concedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em categoria que envolve todas as modalidades esportivas. Aos 10 anos, foi campeão brasileiro pré-mirim, desafiando garotos mais velhos.
É o atual campeão sulamericano e latino-americano (infantil) e o campeão do Torneio de Novos Talentos (infantil).
Hugo vai disputar o Desafio Mundial Infantil, com a seleção pan-americana, no próximo dia 30, na Índia. Ele conseguiu vaga no time em classificatório em agosto. O torneio será disputado por seleções continentais: --- Fico empolgado. Acho que o meu ponto forte é o domínio da bola. Consigo colocá-la onde quero. Mas preciso melhorar a minha agilidade.
--- Hugo é um fenômeno. É agressivo, inteligente, tem porte físico. É nossa grande promessa --- aposta Lincon Yasuda, treinador da seleção brasileira, que destaca também Caroline Kumahara, de 14 anos.
Assim como Hugo, além da família oriental, Caroline teve empurrãozinho do pai.
--- Um amigo levava as filhas para treinar e achei que seria legal para ela também --- conta o pai Masami, sobre a Associação Cultural e Recreativa da Pauliceia (Acrepa), em São Bernardo (SP). --- Era bonitinho porque ela não alcançava a mesa. Caroline começou a levar a sério aos 9 anos.
Reforço psicológico Masami continua a frequentar os treinos da filha. Conta com a ajuda da esposa para tocar a empresa de montagem de esquadrias. Ele lembra que, no início, a filha estava tão empolgada que nem queria férias.
Quando a técnica dela viajou, a menina passou a treinar em casa com o pai.
--- Hoje só sirvo para catar bolinha --- diz ele.
Para seguir no esporte, Caroline mudou o período das aulas. Agora, estuda à noite e treina em dois períodos no clube da Prefeitura de São Caetano do Sul (SP).
--- A escola? Vou levando... --- fala a atleta, que está no 1oano do Ensino Médio. --- Eu bem que queria jogar no exterior, mas acho que o meu pai não vai deixar.
Sou muito nova --- afirma Caroline, que já teve convite para treinar na Áustria. --- Tenho muito a aprender, principalmente na parte psicológica. Quando estou ganhando, eu me desconcentro, não consigo manter o jogo.
Em 2010, Caroline disputou os Jogos Sul-Americanos de Medellín, na Colômbia, onde ganhou o ouro por equipes e o bronze em duplas. É campeã sul-americana (infantil) e pan-americana (juvenil).
Ela também irá ao Desafio Mundial Infantil.