Por CBTM
NNum esporte onde cerca de 80% dos praticantes são homens ela conseguiu se destacar vencendo suas limitações e alçando vôos cada vez mais altos rumo ao estrelato no tênis de mesa. Andreza Vidigal Barroso, 28 anos, mesatenista paraense, é a única convocada do Estado entre os cerca de trinta atletas que compuseram a seleção paraolímpica brasileira que disputou o Campeonato Pan-Americano de Tênis de Mesa, realizado de 18 a 22 de julho, em Mar del Plata, na Argentina. A atuação no Parapanamericano rendeu-lhe duas medalhas de bronze, individual na classe 9 e no open, e o título de segunda melhor jogadora do torneio, ficando atrás apenas de uma outra brasileira, Carolina Silva, de São Paulo.
Com um currículo que reúne títulos paraenses, regionais, brasileiros e mundiais, tanto nas competições esportivas como pára-desportivas, Andreza vive as alegrias e dificuldades desse esporte, que teve sua origem na Inglaterra e é considerado o mais praticado no mundo inteiro.
A atleta começou a competir em 1996 nos campeonatos da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa - CBTM, e desde 2001, participa também das competições da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa para Adaptados - CBTMA, voltadas para atletas com algum tipo de limitação motora. Sua limitação na perna direita, foi adquirida aos 9 meses de idade, ocasionada pela má aplicação de uma vacina que atingiu a ramificação do nervo ciático.
Após a participação no campeonato de Mar Del Plata, Andreza é a terceira melhor colocada da classe 9 no ranking das Américas. A CBTMA possui uma divisão dos atletas para organizar as disputas de acordo com o grau de limitação: as classes de 1 a 5 são as dos cadeirantes (atletas que utilizam cadeiras de rodas), e as classes de 6 a 10 são as dos andantes. Andreza pertence à classe 9, que é considerada uma classe forte, onde os atletas possuem uma deficiência física leve.
Para levar à frente sua carreira, a mesatenista conta com o patrocínio da Amazônia Celular e apoio da Assembléia Paraense, Carmem Academia e da Secretaria Executiva de Esporte e Lazer (SEEL), através do Projeto Fabricação de Ídolos.
Quando não está nas quadras com a raquete e a bolinha do tênis de mesa, Andreza atua no Call Center da Amazônia Celular, atendendo especificamente as habilitações e o mercado corporativo. Além disso, ela ainda encontra tempo para cursar Ciências Contábeis numa universidade particular.
Na entrevista abaixo, a atleta, que em 2001 ganhou o Troféu Romulo Maiorana como atleta destaque, conta um pouco de como iniciou sua carreira e quais suas expectativas no esporte.
Como surgiu a paixão pelo tênis de mesa?
Comecei a jogar, na verdade, a brincar, aos 7 anos de idade, nos clubes que freqüentava e em jogos informais com a minha família. Os meus maiores incentivadores foram o meu avô, Miguel Vidigal, e o meu tio, André Vidigal (ex-mesatenista). Como toda a minha família pratica o tênis de mesa, desde muito cedo, este esporte me fascinou.
Você começou sua carreira, como federada, participando de competições desportivas da CBTM, onde conquistou vários títulos regionais e nacionais; só em 2001, participou de seu primeiro Torneio Para-desportivo. Qual a principal diferença entre os campeonatos da CBTM e da CBTMA?
Os torneios pára-desportivos são mais que competições para mim. Eles são terapia, experiência de vida. A minha vivência no meio para-desportivo começou porque em 1999, quando eu participava da Copa Brasil, em Fortaleza/ CE, o atleta cadeirante de tênis de mesa, Eugênio Sales gravou um jogo meu e mandou a fita para o senhor Benedito, da comissão técnica, que é um grande técnico e, hoje, um grande amigo, pelo qual tenho eterna gratidão por ter acreditado em mim, sem nem mesmo me conhecer pessoalmente. Após ver a fita, o Eugênio notou que eu tinha alguma limitação física, mas não sabia qual era. Foi a partir daí que o Comitê Paralímpico Brasileiro me convocou em 2001 para a Seleção Brasileira que participaria do I Parapanamericano de Tênis de Mesa, em Buenos Aires, na Argentina onde conquistei duas medalhas de ouro e uma de prata e ganhei vaga automaticamente para participar do mundial em Taipei/Taiwan (China). No meio pára-desportivo ganhei muitos amigos, que, tenho certeza, são para toda a vida.
Conte um momento marcante em sua carreira no tênis de mesa.
Um momento de grande realização pessoal no tênis de mesa foi em 2002, quando fui convidada para participar do Mundial Pára-desportivo em Taipei - Taiwan, local conhecido por toda sua tradição nesse esporte, onde conquistei o nono lugar individual. Foi mágico! E outro momento que jamais vou esquecer: foi a primeira vez que vesti a camisa da seleção brasileira. Me senti maravilhada com aquela oportunidade. Era um sonho que estava sendo realizado.
Você é colaboradora da Amazônia Celular há cinco anos. O que você acha do apoio da empresa ao seu trabalho no esporte e como profissional?
A Amazônia Celular é a minha casa, onde fiz grandes amigos. Desde as minhas primeiras participações nas competições pára-desportivas, em 2001 - mesma época em que eu entrei na empresa, a mesma vem me apoiando. O diferencial da empresa é que ela valoriza o ser humano sem ser paternalista, mostrando que é uma empresa que está evoluindo sempre.
Quais são os seus projetos para o futuro no tênis de mesa?
Pretendo seguir competindo em campeonatos da CBTM, CBTMA e Comitê Paralímpico Brasileiro, além de participar do Campeonato Mundial, na Suiça, e, quem sabe?, conquistar uma vaga na Paraolimpíada de Pequim, em 2008. Vou dar o meu máximo para conseguir ir à minha primeira Paraolimpíada! Depois dos dois bronzes na classe 9 e no open, ainda não consegui carimbar o passaporte para o mundial na Suiça/2006, então devo tentar pontuar em outros mundialitos que acontecerão ainda este ano no Rio e/ou Buenos Aires. Para tanto dependo das convocações e patrocínio.
A única convocação no Pará para este campeonato pan-americano foi feita a uma mulher. Qual a importância desse fato para reafirmar a força da mulher na sociedade atual?
Todas as mulheres e todas as pessoas que vestem a camisa do Pará estão felizes realmente com essa convocação, pois ela mostra o reconhecimento pelo trabalho que vem sendo desenvolvido no Estado. E no meu caso, mostra que a mulher, a cada momento, vai mostrando que sabe fazer bem feito, ocupando seu espaço na sociedade! Desta forma, o reconhecimento acontece!
Algum agradecimento especial?
Sim! Agradeço em todos os momentos de minha vida a Deus, por tudo! É importante destacar que tudo isso só foi possível porque tenho uma família maravilhosa (mãe, avó, avô, irmãos, tios) e grandes amigos, que venho conquistando ao longo da vida: técnicos, parceiros (dentro e fora das quadras), patrocinadores, que estão sempre me apoiando. Logo, as conquistas não são só minhas, compartilho-as com todos aqueles que acreditam no esporte!