Por CBTM
Foi por muito pouco. As mesatenistas brasileiras ficaram muito perto de uma inédita vaga no grupo de elite do esporte mundial ao chegarem à semifinal contra a Turquia. Se vencessem, já teriam o acesso garantida. Mas a ótima equipe feminina formada por Lígia Silva, Karin Sako, Jéssica Yamada e Mariany Nonaka não resistiu à forte equipe turca - formada por duas chinesas e uma alemã naturalizadas - e acabou derrotada por 3 a 0. Neste sábado, elas voltam à quadra para a disputa do 27ª colocação do mundo (terceira colocação da segunda divisão mais os 24 países da primeira divisão) contra a Sérvia. O adversário da Turquia na decisão será a Suécia que bateu as sérvias numa disputa emocionante por 3 a 2. A primeira a entrar em quadra para as semifinais foi Lígia Silva. Ela enfrentou a chinesa Sirin He e não resistiu: derrota por 3 a 0, parciais de 11x9, 11x4 e 11x7. "Faltou para a Lígia um pouco mais de calma. Ela queria definir rapidamente os pontos e acabou errando muito", analisou o técnico Marcos Yamada. No segundo jogo, a responsabilidade caiu sobre os ombro de Jéssica Yamada. A número 441 do mundo, que estava invicta na competição com cinco vitórias em cinco jogos, encarou Melek Hu, número 43 do mundo. Apesar de ter conseguido jogar bem, a brasileira acabou perdendo por 3 a 1, parciais de 11x3, 9x11, 11x8 e 11x3. "A Jéssica conseguiu enfrentar uma adversária muito melhor colocada no ranking mundial sem muita diferença técnica. O jogo chegou a estar um a um em sets, e 9 a 8 para a chinesa no terceiro set. Mas Hu, apesar do visível nervosismo, conseguiu se impor e vencer", analisou Marcos. O terceiro confronto foi entre Karin Sako e a alemã naturalizada, Fulya Ozler. Mas com um placar adverso de dois a zero, ficou difícil para a brasileira conseguir calma para enfrentar uma adversária forte como Ozler. Karin foi batida por 3 a 0 (11x5, 11x9 e 12x10). "Karin também pareceu um pouco mais nervosa porque sabia que tinha a responsabilidade de iniciar a virada. Assim como Lígia, estava ansiosa para resolver a partida logo e, com isso, seu jogo ficou prejudicado. A turca estava emocionalmente muito melhor e isso faz toda a diferença neste nível de competição", comentou Yamada. As semifinais marcaram o encontro das quatro melhores equipes femininas da primeira fase do torneio, o que mostra a evolução e o bom desempenho das mesatenistas brasileiras. "O Brasil é um dos poucos países que não usa da estratégia de pegar atletas prontos. Quase todas as equipes da primeira divisão e algumas da segunda usam mesatenistas chineses para melhorarem seus desempenhos. Posso citar aqui Holanda, Polônia, Turquia, França, Itália, Áustria, entre outros. Por isso, acredito que o desempenho nacional foi muito bom", disse Yamada. O presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa fez coro aos comentários do técnico Marcos e mostrou toda sua satisfação com a participação da equipe feminina no Mundial. "Gostaria de dar os parabéns ao técnico Lincon Yasuda e à Lígia, Karin, Jéssica e Mariany. O desempenho do Brasil foi muito bom mesmo. Estou extremamente orgulhoso", Alaor Azevedo. Mais cedo, as meninas tiveram seu melhor desempenho na competição. Uma vitória com autoridade sobre a Dinamarca por 3 partidas a uma nas quartas-de-final. No primeiro jogo, Lígia Silva foi batida com muita dificuldade pela melhor jogadora adversária, Mie Skov, por 3 a 0, parciais de 11x9, 11x9 e 12x10. No segundo, Jéssica Yamada pegou Sabine Larssen. Num jogo duríssimo, a jovem mesatenista brasileira venceu por 3 a 2, parciais 11x8, 11x8, 7x11, 7x11 e 11x5. "Jéssica começou atuando bem, vencendo os dois primeiros sets, mas perdeu os dois seguintes porque teve problemas com a recepção da adversária. No intervalo, conseguimos corrigir isso e ela venceu bem o quinto set, depois de conseguir abrir vantagem logo no começo", disse Lincon. O terceiro confronto foi entre Karin Sako e Pernille Agerholm. A mesatenista atuou bem e conseguiu vencer com menos dificuldade: 3 a 1 (11x6, 11x5, 7x11 e 11x8). A quarta partida colocou frente-a-frente Lígia Silva e Sabine Larsen, número 2 do país nórdico. E a número um brasileira não teve dificuldades para fechar o confronto a favor do Brasil com uma bela vitória por 3 a 0, parciais de 11x8, 11x2 e 11x3. "No meio a tantas jogadoras chinesas naturalizadas foi bom enfrentar uma equipe totalmente européia. A estratégia deles de inscrever a melhor jogadora como a número 2 para enfrentar de cara a melhor adversária deu certo mais uma vez. Por isso, as 3 partidas seguintes eram cruciais para nós mas fomos muito bem", completou Lincon Yasuda. No masculino, a equipe brasileira chegou invicta às quartas depois de passar direto pelas oitavas por ter uma das quatro melhores campanhas na primeira fase – haviam vencido o Vietnã, a Bulgária, a Noruega, o Egito e a Letônia, perdendo apenas quatro partidas nestes cinco jogos. Os brasileiros pegaram a Eslovênia, segunda melhor no grupo E, atrás da Eslováquia e não resistiram: derrota por 3 a 1. "“Tsuboi começou bem, vencendo e dando tranquilidade para os demais. Hoyama ofereceu alguma resistência para o forte Bojan Tokic no primeiro set mas um adversário desse nível exige um controle muito grande das ações do jogo e um preparo psicológico muito grande", analisou Yamada. Depois foi a vez de Cazuo Matsumoto enfrentar Jan Zibrat. Mas o brasileiro não conseguiu impor sua forte defesa e foi batido por 3 a 1, parciais de 11x6, 11x9, 5x11 e 11x9. A esperança de uma reação terminou no quarto jogo em que o jogador número um do país no torneio, Gustavo Tsuboi, ficou frente-a-frente com Tokic. O brasileiro, número 134 do ranking mundial, não foi páreo para o esloveno. Derrota por 3 a 0 (11x3, 11x2 e 11x3). "Tsuboi que, sem dúvida é o melhor brasileiro na atualidade (já que Thiago Monteiro está lesionado), entrou bastante pressionado e não conseguiu apresentar seu melhor jogo contra o invicto Tokic, que havia vencido todas as 11 partidas dele no Mundial. Com um volume de jogo fantástico, o eslovaco venceu facilmente nosso número 1, terminando com as esperanças de jogar a primeira divisão em Paris em 2012", concluiu Yamada. Na história do tênis de mesa brasileiro, após a introdução das divisões, , o país participou da chamada "Championship Division" (divisão principal) apenas em Bremen 2006. E teve uma boa participação perdendo por 3 a 2 para a Franca, 3 a 2 para o Japão, 3 a 2 para a Bélgica e 3 a 0 para a Coréia e Croácia. Na 2ª fase ganhou da Dinamarca e da Noruega por 3 a 1 e perdeu para a Itália por 3 a 0, e para a Croácia por 3 a 1. A melhor colocação real foi um 6° lugar em Dortmund-1959. Houve também um 4° lugar em 1954 indicado no ranking da ITTF mas, na verdade, este resultado fica prejudicado porque todos os países que não conseguiram passar da fase de grupos ficaram nesta posição.
No feminino, a melhor colocação em todos os tempos nas 16 participações em Mundiais foi um 24° lugar no Mundial de Chiba, que contou com apenas 16 países na 1ª divisão. Mesmo com esta posição melhor do que a deste ano, o Brasil nunca esteve tão perto do grupo principal quanto na Rússia.