O inédito título da Copa do Mundo de Macau, conquistado no último domingo, 20, segue repercutindo em todo o Brasil e agitando a vida do mesa-tenista Hugo Calderano. Nesta quinta-feira, 24, ele atendeu diversos jornalistas em uma entrevista coletiva para falar sobre vários assuntos, mas principalmente o feito histórico na China.
Hugo contou um pouco como foram os primeiros dias após a conquista e se disse consciente do tamanho do que conseguiu realizar.
"Os dias depois do título foram bem agitados, quase não dormi nos dois primeiros dias, falando com muita gente, comemorando e aproveitando ao máximo. Eu sei do tamanho do meu feito, estou há tanto tempo no tênis de mesa, sei que uma competição dessa grandeza não é fácil. Poucas vezes os chineses perdem uma competição grande como essa. Tenho noção, sim, mas é muito bom ver quanto as pessoas acompanharam e torceram por mim. Isso só ajuda o tênis de mesa brasileiro a ficar mais popular", disse.
O brasileiro também tentou transformar em palavras o que sentiu imediatamente após a vitória sobre o chinês Lin Shidong na final.
"É difícil lembrar, é uma emoção tão forte, foi uma onda de alegria, felicidade, satisfação de ter conseguido algo tão grande no tênis de mesa. Eu percebi na hora que me tornei campeão da Copa do Mundo e vou ser campeão da Copa do Mundo pra sempre, não importa o que aconteça. Foi essa sensação de saber que deixei meu nome na história do esporte", explicou.
Mesmo com a conquista da Copa do Mundo histórica e inédita para o Brasil, Hugo Calderano não se diz satisfeito. Segundo ele, o feito apenas aumentou o desejo de alcançar mais títulos expressivos. O foco já está no Mundial, no próximo mês, no Catar.
"Eu sinto que ainda tenho muito o que conquistar no tênis de mesa. Esse título foi o maior marco da minha carreira, mas logo depois do título eu já estava com a sensação de querer fazer de novo, brigar com os chineses no Mundial, nas Olimpíadas... Isso só me deu mais confiança. Sempre acreditei que era possível, mas esse título me mostrou realmente que posso conseguir esses resultados. Ainda estou com muita fome para conseguir grandes resultados", declarou.
"Mês que vem tem o Mundial, esse é o próximo objetivo. Mas é claro que o foco segue também nos Jogos Olímpicos. Vou seguir brigando para ter mais uma chance de uma medalha. Quanto mais tempo no topo, mas oportunidades você vai ter e mais chance de agarrar. Tenho muita coisa a ganhar no tênis de mesa ainda".
O título na Copa do Mundo gerou repercussão em todo o país, em diferentes áreas da sociedade. Calderano vê o tênis de mesa em ascensão no Brasil, mas acredita que a Copa do Mundo possa ser um divisor de águas no crescimento da modalidade.
"Conversando com pessoas da modalidade no Brasil, sei que a procura aumentou muito depois das Olimpíadas. Foi assim na Rio 2016, Tóquio 2020 ainda mais, e depois de Paris foi um boom incrível. Está ficando cada vez mais popular. As pessoas me falam que as academias e clubes estão lotados, com muita criança, isso é muito satisfatório. Ver tudo o que está acontecendo com o nosso esporte no Brasil. Esse sempre foi um dos meus maiores objetivos. Me surpreendeu um pouco a repercussão que teve", analisou ele, que se vê em condições de assumir o papel de ídolo do esporte no país.
"É sempre muito importante comemorar as conquistas. A gente comemora mais quando compartilha com as outras pessoas. Não sei se entendo bem esse conceito de "Calderano Mania", mas se isso for em relação a muita gente começando a me acompanhar mais, seguir mais os meus passos, o tênis de mesa do Brasil, eu vejo algo como muito positivo."
Por fim, Hugo Calderano também comentou sobre a parceria com o técnico Thiago Monteiro. Ele é o treinador da seleção brasileira masculina, e vem realizando essa parceria com o atleta nas últimas competições internacionais com o apoio da CBTM.
"Ele é um grande nome do tênis de mesa brasileiro, foi por muitos anos o número um do país. Ainda não trabalhamos muito juntos, trocamos algumas ideias, mas ele me deu um apoio no torneio que me ajudou muito. Ele estava nos jogos, falava o que estava vendo, eu passava meu ponto de vista..."
"Ele fez muito bem o trabalho dele, me deu o apoio quando eu precisava e isso é o máximo que posso pedir de um técnico. Com a minha experiência hoje, sempre fui muito independente. O mais importante pra mim em um técnico é não me atrapalhar, e isso ele fez muito bem (risos). E ele estava ali pra me apoiar, dar força e me ajudar com tudo que pode acontecer no jogo. Ele fez isso muito bem", completou.